Brasília by Night nWoD

Me inspirei com o tópico do Serial101, embora eu não tenha bem uma campanha para criar esse material. Mais tarde vou fazer algo baseado na minha campanha mais recente, mas ela era em Roma, Itália.

Bom, a ideia aqui é fazer como tópicos de discussão, um mini-fórum. Eu vou fazer um post grande descrevendo um aspecto da cidade, e deixar um tempo para ver se alguém comenta ou discute a ideia, depois faço outro para mudarmos de assunto. Se o tópico ficar muito grande, eu vou linkar cada post relevante aqui.

Brasília é uma cidade muito peculiar. Localizada no Planalto Central, ao mesmo tempo próxima a vários centros de ocultismo e peregrinação mística, e centro de poder e administração seculares. É uma cidade em "pedaços": seus "bairros" são as Cidades Satélites, divisões administrativas necessárias ao funcionamento do todo, tão integradas ao centro quanto os bairros de uma cidade comum. Exceto pelo fato de reterem um pouco de independência administrativa, e de estarem separados do centro e uns dos outros por extensões consideráveis de mata, ligados por estradas, não por vias urbanas.

O centro da cidade é o Plano Piloto, onde estão os centros administrativos, as instituições do Estado, um dos grandes centros de entretenimento e comércio do DF, e os lares da classe média, especialmente a que trabalha na administração pública, direta ou indiretamente. É a Cidade Sem Esquinas, onde os prédios não têm pavimento térreo e os cruzamentos são construídos de formas surreais, ainda que bastante funcionais. A cidade não se divide em bairros, mas em setores destinados a tipos de estabelecimentos. Suas áreas residenciais são quadras distribuídas como em um gráfico, com endereços alfa-numéricos que dizem sua posição exata no quadro. A via mais importante é o Eixão, que cruza a cidade-bairro central de Norte a Sul e separa as vias L e W (respectivamente Leste e Oeste). A segunda mais importante, mas maior de todas, é o Eixo Monumental, que corta de Leste a Oeste ligando a cidade às estradas mais movimentadas do Distrito Federal, e marca o seu percurso com os edifícios e monumentos da União.

Essa é uma região de Limites. Meia hora de carro ou ônibus separam grandes centros de ciência de grandes centros de fé. Um brasiliense comum pode transitar várias vezes ao dia entre o místico e o transcendental e o completamente mundano, ou permanecer completamente cercado de um desses por toda a vida. O DF inteiro funciona parcialmente como uma única cidade de alguns milhões de habitantes, mas cada Satélite, incluindo o Plano Piloto, funciona ao mesmo tempo como uma cidade pequena, vilas e pequenas comunidades. Prédios arrojados, como da Cidade do Amanhã, convivem com fauna e flora nativas, enquanto grandes extensões rurais ou selvagens separam os "bairros", ônibus lotados de trabalhadores atravessando todos os dias estradas que margeiam matas quase intocadas.

Finalmente, diferente de muitas cidades grandes, esta é uma cidade de céu. Não, não tem prédios muito altos. Mesmo os maiores não passam de 30 andares, e são raros, relegados a certas partes da cidade. Os prédios comuns raramente passam de 5 ou 6 andares. O céu de Brasília é um dos orgulhos dos habitantes da cidade, e bem visível em quase toda ela. Seu povo gosta de espaços abertos, gosta de olhar para cima. De fato, a cidade tem muito pouco em termos de subterrâneo, embora grutas e cavernas existam em abundância na áreas ermas ao redor. Esgoto e água potável são distribuídos por dutos de concreto pouco mais largos que o bastante para um homem passar, e relativamente próximos à superfície. Não há túneis sob a cidade, e mesmo subsolos e porões não ficam totalmente sob o nível do chão, sempre havendo janelas, sempre havendo uma forma de se olhar o céu.

Como vocês acham que essa cidade seria para os habitantes de um Mundo das Trevas?

bom, eu diria que os vampiros não iam deixar o plano piloto, afinal as peças do tabuleiro vem e vão, mas os jogadores são eternos.

Os lobisomens teriam pouca chance na cidade, mas se considerar-mos que existe pouca distância dali até o pantanal você poderia facilmente dizer que a parte externa da cidade seria facilmente divida entre os Urtha, mas a cidade em si dificilmente teria lugar pra eles, é um local onde tudo é distante demais para você manter uma vigília constante. Mas com toda a certeza eles iriam atrás dos espíritos da corrupção, egoísmo e medo que vivem aos montes na cidade.

Os magos aparecem em qualquer lugar, então tanto faz.

Os changelings não fazem grande questão de aparecer, mas sem duvidas a corte do verão tem pessoas dentro do ministério da casa civil. Fora isso alguns duplos facilmente são pessoas que trabalham na cidade, alguns bons, outros nem tanto.

Caçadores vivem em qualquer lugar, e diversas instituições da cidade são portas abertas para troca de informações, desde a policia federal aos office-boy do planalto são meios fáceis de saber o que acontece por ai. Alem disso bases do exercito podem facilmente treinar alguns deles, em especiais os mais violentos.

Serial, a imagem da sua assinatura tá quebrada, e tá um pouco grande, atrapalha um pouco.

Concordo com a ideia de os vampiros se concentrarem no Plano Piloto. Boa parte da população de Brasília vai passar por lá com alguma regularidade. Ainda haveria algum domínio vampírico nas Satélites e nos ermos entre elas, mas pouca coisa. Imagino também que refúgios seguros do sol sejam um recurso um pouco mais valioso na cidade. Embora não seja difícil adaptar uma casa ou apartamento para isso, a situação pode ficar bastante complicada em uma emergência, já que a cidade praticamente não tem os buracos escuros normais de outras grandes cidades.

O que o Pantanal tem a ver com essa história!? Uratha são acostumados com grandes territórios rurais, e a região tem muito disso. Creio que a maioria das alcateias do DF iria facilmente ter uma base em uma Satélite e estender o território na área silvestre adjacente, com mais de uma alcateia podendo ter base na mesma Satélite. Em especial, duvido que um lobisomem iria deixar sua terra natal para viajar para o pantanal só porque ele parece mais aprazível a um lobisomem.

Pode tirar o cavalo da chuva com essa história de espíritos da Corrupção, Egoísmo e Medo. A vida em Brasília é muito diferente do que o resto do país vê, e a Essência que alimenta os espíritos é um fenômeno sempre local. Da mesma forma que um espírito em São Paulo vai se alimentar da Essência gerada pelos paulistanos, e não pelos outros brasileiros e suas opiniões sobre São Paulo. Acho que aqui haveria muitos espíritos da Complacência, não política, inclusive, mas prática. Algumas áreas são tão propensas a espíritos da Violência quanto qualquer bairro violento do país. Espíritos ligados ao preconceito em Brasília também são inúmeros, mais que em outros lugares, porque o convívio com o alvo do preconceito tende a ser muito mais fácil, mas esses espíritos costumam agir de formas bastante diversas aqui, porque esse preconceito é muito mais mal visto. Crimes de ódio em Brasília tendem a ser bem mais velados, e qualquer demonstração mais efusiva resulta em uma reação pública bastante revoltada. Brasília se caracteriza por passar uma impressão de que há, aqui, muito menos preconceito, hostilidade e abusos que em outros lugares. Até certo ponto, isso é verdade. Mas uma boa parte dessa impressão é resultado de uma estrutura complexa de acobertamento, que envolve profundo, talvez sobrenaturalmente induzido, desinteresse da Classe Média. Com tanto choque de limites na região, Magaths também devem ser comuns.

Um problema que eu pensei que pode ser posto para os Forsaken, também, é a presença de outros metamorfos na área, tanto Skinchangers quanto Changing Breeds, além da possível presença de enclaves de Puros com mais tradição na região (a cidade tem menos de 60 anos, mas há povoações na região bem mais antigas que isso), mais domínio sobre suas áreas e os espíritos nelas, e menos paciência com os Forsaken que pisam fora da linha.

Magos e Changelings podem ter algum interesse nos lugares místicos que cercam a cidade. A Satélite chamada Vale do Amanhecer é um ponto de encontro de místicos da Nova Era e uma grande variedade de cultos fora do padrão, desde reuniões de wiccanos inofensivos até cultos que realmente parecem envolver lavagem cerebral pesada e robotização dos membros. Aliás os Magos que se envolvem com religiões vão encontrar uma grande variedade delas, uma vez que a liberdade e variedade religiosa são elementos característicos da cidade (e fonte de muitos conflitos velados). Os festivais anuais do maior templo Budista do Plano já atraem um dos maiores públicos do DF, centros Kardecistas são encontrados em todas as satélites, e as igrejas evangélicas são tão comuns aqui quanto em qualquer outro lugar, chegando a superar os bares em número (mas nem sempre em qualidade do estabelecimento).

Fora dos centros urbanos, especialmente para o lado do Vale do Amanhecer, há belezas naturais consideráveis e lugares que atraem ocultistas de todo o planeta. Muitos desses lugares poderiam facilmente ter estradas direto para Arcádia, ou conter antigos templos Atlantes, além de sacrários poderosos (além de ser uma área de misticismo forte, é um lugar naturalmente alto e cheio de morros, excelente para a formação de Hollows). Um grupo de Magos ou Changelings teria muitas razões para se estabelecer próximos a uma dessas áreas, e as Satélites garantem que sempre haja uma pequena área urbana por perto para você se retirar.

Velho, alguma vez na vida você já viu como funciona um ministério? Embora para o resto do país as estruturas da Federação sejam a única coisa relevante para se conhecer em Brasília, elas são quase tão secundárias para o brasiliense quanto para qualquer outra pessoa. São os prédios mais bonitos da cidade, decerto, mas fora isso estão concentrados em uma área que a maioria das pessoas vai ver apenas de relance na maior parte da vida. Além disso, todo o pessoal realmente importante em um ministério é colocado lá vindo de outras partes do país. O acesso geral de um brasiliense aos postos de comando ou influência é virtualmente o mesmo de qualquer outro cidadão do país. De fato, a Esplanada é muito mais dominada por paulistas e fluminenses, especialmente paulistanos e cariocas. Para o povo da cidade, são apenas mais focos de empregos. Eu não vejo um Changeling de qualquer outro lugar do país arriscando viajar para longe de sua Casa Livre, talvez de sua Corte, para morar em uma área desconhecida, só para se manter dentro de uma estrutura federal com pouco impacto direto no dia a dia de sua cidade natal. Talvez haja algum, um idealista com visões para o país, mas nesse sentido eu também não vejo os Changelings tendo uma presença na Esplanada maior que qualquer outro sobrenatural (talvez uma alcateia Forsaken que considera como seu território, em um certo sentido, nada menos que o país inteiro!). De toda forma, com pontos de entrada de True Fae no Material próximos da cidade, o número de Changelings de Brasília pode ser acima da média, embora talvez a evasão deles também seja grande.

De novo, pare de pensar Brasília apenas como centro da União. Embora seja bem possível que a Esplanada dos Ministérios reúna a cúpula de uma ou duas das grandes Conspirações de Caçadores no Brasil, é pouco provável que tenham esse impacto todo para os caçadores da própria cidade. Refletindo a discrepância similar que existe na política comum, os chefes das Conspirações podem se reunir em Brasília, mas dificilmente sequer percebem os problemas sobrenaturais da própria cidade, concentrados em tomar decisões sobre as atividades de suas organizações no resto do território nacional. O Caçador regional, mesmo que membro de uma dessas Conspirações, contaria com um pouco mais de suporte direto, mas não tanto. Como tantos outros brasileiros, ele vai ver muita atenção ser dada pelos poderosos a Rio de Janeiro e São Paulo, não importa se nominalmente ele mora na capital do país.

Treinamento nas bases do exército!? Bom, com certeza as Conspirações podem usar algumas dessas bases para treinar seus melhores agentes no país, e para um agente brasiliense esse treinamento seria um pouco mais acessível. Mas, fora isso, a presença do exército aqui não é tão grande quanto você pode pensar. Aliás, ela vem junto com um problema: o brasiliense típico tem OJERIZA ao exército. Com uma população marcadamente intelectual ou pseudo-intelectual, poucas pessoas em Brasília veem o exército com bons olhos, e mesmo as que veem geralmente têm uma ligação com eles mais idealizada que qualquer contato mais real. Claro que isso não quer dizer que as Forças Armadas estejam completamente ausentes, longe disso, mas geralmente são um tanto isoladas do resto da vida cotidiana da cidade. Soldados fardados são vistos com desconfiança, ou mesmo desdém, e a maioria das forças presentes na cidade são de outros lugares do país. Os focos militares do país, que eu me lembre, são Rio de Janeiro, Bahia, Recife e Amazonas.

A máscara de paz da cidade significa, a meu ver, duas coisas para o Caçador típico: um que ele provavelmente vai ser menos propenso a confrontar os monstros com vista à sua destruição. Exceto em algumas áreas do DF, a destruição necessária para se livrar fisicamente de um monstro vai chamar muita atenção e atrair as autoridades e outros monstros para o Caçador. Estudar com cuidado uma forma de expulsar ele da cidade, talvez para uma emboscada nos ermos da cidade (também perigosos), ou pelo menos para virar assunto de outros Caçadores em outros lugares, é bem mais viável como estratégia de carreira como Caçador. Dois que uma atitude extremista com os monstros nem sempre vai ser bem recebida. Caçadores menos extremistas devem ser de fato um pouco mais comuns, tanto pela cultura local quanto pelo fato de que os monstros também tendem a ser menos diretos, e portanto têm uma atuação menos traumática (mesmo que não menos destrutiva). Além disso, um Caçador extremista vai enfrentar resistência de alguns de seus colegas e em adição a isso vai ter problemas em lidar com as particularidades da Vigília em Brasília. Os que se adaptarem, claro, podem formar células extremistas excepcionalmente eficientes, do tipo que cedo ou tarde se torna tão destrutiva e sutil quanto os monstros que caçam. Talvez tudo isso resulte em uma tendência maior a Caçadores de uma natureza mais intelectual ou política, com as "tropas de choque" sendo a exceção ao invés da regra. Facilmente consigo visualizar Brasília com uma célula poderosa da Sociedade de Thulle, além, claro, de sociedades de Caçadores próprias do território brasileiro e do Planalto Central.