Os Seres da Noite -- Capítulo 3

A noite era alta quando a marquesa bebia algo quente. Via os seus servos chegarem das diversas partes dos seus domínios e tomou um susto ao ver o braço direito do Conde entrar nos seus aposentos. Pediu para suas servas que dormiam saírem imediatamente, deitou na cama e jogou os longos cabelos para o lado, deixando suas costas desnudas para que o homem começasse a massageá-la.

Muito tempo após o homem terminar seu serviço, ela levantou-se e deixou que ele a ajudasse a se trocar.

-- E então, meu querido? – Disse ela serpenteando nele -- Quais as ordens do senhor Conde?

O homem nada disse, apenas abriu a porta do quarto. Uma elfa entrou no recinto e entregou o braço para ela. A marquesa sorriu e cravou os dentes nela, fazendo-a gemer de prazer nefasto, enquanto sorvia do mais belo presente do seu mestre.




-- Diga a ele que seu desejo é uma ordem para mim... – Disse ela após terminar sua refeição, deixando a garota deitada na cama, saboreando o calor que percorria seu corpo.


O sol raiou e o frio e nevoa cobriam a visão de fora. A lareira acesa deixava o clima confortável no andar inferior do palacete. Não havia som algum vindo de fora, o que dava um ar bem ameno a casa. A mesa posta com as mais diferentes comidas espalhava o cheiro de desjejum bem preparado pela casa inteira.

-- Sinto se estou incomodando, senhor Rael – Disse Lenneth na cozinha, preparando comida – Mas é costume que, quando não se pode pagar pela hospitalidade, pelo menos ajude em algo do seu anfitrião...

-- Obrigado senhorita. -- Falou Rael espantado ao ver a proatividade e prendas da Lenneth. -- Espero que não tenha sido trabalhoso. E não precisaria me pagar. Eu, como prefeito desta cidade, sei o quanto forasteiros são mal vistos. -- Pega uma fruta para comer de forma calma.

-- Tem alguma coisa para mim também? -- Falou Bast abanando a calda.

-- Bast, olha a educação. -- Repreendeu Rael. -- Ainda temos que enterrar o Varric, não é?

Abbadon acordou sentindo-se descansada, levantou e banhou-se no pequeno lavabo disponível no quarto. Organizou todos seus pertences e saiu do seu quarto em direção da sala. Ao ouvir vozes se dirigiu a cozinha, ao ver a putinha e o prefeito disse:

-- Bom dia, eu acho.

Ryoto hoje quebrou um pouco o protocolo, hoje foi dia de acordar bem mais tarde que o habitual. Considerando as últimas semanas, a última noite foi quase como se estivesse no alojamento do palácio. Ele se levantou, se lavou e ao descer as escadas já sentia o cheiro característico da comida da senhorita Lenneth. O dia começara muito bem, de fato.

- Bom dia senhoras e senhores. Lady Lenneth... É sempre um prazer indescritível saborear uma refeição feita por vossas mãos. Gostaria de minha ajuda desta vez?

Oruk havia acordado a um certo tempo ja, porem não se levantará. Desde de que abriu os olhos, ele não conseguia parar de pensar no acontecido na catedral e na sua "sorte" de ter sido pego pelo tal ritual do prefeito.

"Isso foi um lance de muita sorte? ou o mais puro azar? Oh minha grande deusa Gwynharwyf, será essa mais uma de suas provações? Fiz algo que a incomodou ou que desvirtuou o meu caminho? Pois desde o momento em que pisei nessa terra, a sinto distante.

Se realmente for uma provação, dei-me forças e guie-me pelo melhor caminho, para que dessa forma eu não termine feito o pequeno anão. Caso não, dai-me clareza e sabedoria para que possa trilhar novamente o caminho dos justos.

Após terminar esse seu momento de reflexão, Oruk levanta-se e fala baixinho -E que todo o Mal sucumba perante a fúria de Gwynharwyf e seus seguidores. Pois o brilho de sua lamina e a força de sua ira irá trazer paz a esse mundo."

Logo depois de terminar de se banhar e arrumar suas poucas coisas, ele é acometido pelo cheiro delicioso que vinha do andar de baixo. Rapidamente ele desce a escada para encontrar todos ja na cozinha, sendo servidos pela pequena Lenneth.

Glorioso dia a todos. Esperam que tenham dormido bem. Foi você que fez essa refeição srta Lenneth? ela está com um cheiro majestoso., Oruk senta-se a mesa,
Bom, quais serão nossos planos para hoje, alem do enterro do pequeno?

-- Já o fiz, senhor Rael. -- Disse a garota -- Ele agora pode descansar em paz. Nesse momento deve estar sendo julgado pelo grande Deus da Justiça. Espero que seus feitos sejam maiores que seus malfeitos. Não precisa, senhor Ryoto. Acordei bem cedo e já acabei os afazeres.

Todos começaram a comer quando puderam ouvir batidas na porta.

-- Senhor prefeito!! Há monstros na nossa vila!!! -- Gritos eram ouvidos de fora.

---Monstruonssss? Oruk falava de boca cheia. Essa hora da manhã?

Prontamente ele levanta-se de supetão, pega seu machado, coloca seu capacete e avança para a saída da casa, falando enquanto avança:

Vamos, aqueles cães de ontem devem ter retornado, o povo corre perigo.

-- Eu vou ver isso. Vamos Bast. -- Rael começou a se movimentar em direção a porta acompanhado por Bast. Atendendo a porta para verificar qual o motivo do chamado.

-- Não que eu não goste de matar uns monstros de manhã e tudo mais, mas não dava pra ser depois da comida? -- Abbadon, que se sentia mais calma naquela manhã, levantou-se limpou a boca com um guardanapo e aprontou sua lança em mãos. Foi atrás de Rael com uma maçã em mãos.

As batidas na porta começaram a ficar mais e mais fortes e, quando Rael abriu a porta, havia dezenas de moradores com tochas e tridentes. Os olhos deles tinham mais medo do que ódio.

-- Aí estão os monstros, senhor prefeito! -- Disse a senhora Francisca apontando para o grupo, dona da mercearia local, que distribui os mantimentos por toda a vila. -- O que o senhor pretende fazer com eles?!!

-- Ah me poupe, achei que era algo interessante... --Abbadon bufou e virou as costas -- Boa sorte senhor prefeito -- o anjo deu uns tapinhas no ombro de Rael e voltou para a mesa de café da manhã.

-- Eu pretendo usa-los para um bem maior. Podem ficar tranquilos e confiem em mim. -- Falou ele em tom sério e logo após olha para trás com um sorriso malicioso no rosto. Ameaçando fechar a porta.

Oruk que estava próximo por ter decidido ir em auxilio dos pedidos de socorro, ao ver o homem ameaçando fechar a porta, ele coloca a mão e força a porta para que ela continue aberta.

Você está louco? ela veio aqui pedir a sua ajuda, e você iria simplesmente fechar a porta em sua cara? Eu esperava mais sr prefeito.

Onde estão esses tais monstros senhora? disse Oruk, falando por cima do homem. Mostre-me onde estão e eu irei ajuda-la.

Abbadon observava a comoção da mesa, comendo desinteressada.

Terminou de fehcar a porta, a tranca-la. Logo após Rael vira para Oruk.

-- Caso não tenha entendido meu grande e forte Oruk... -- Aproximou-se e repousou a mão direita no peito do gigante e com a esqueda segurava o cajado, olhando para cima encarando-o. -- Os monstros aos quais ela se referia eram, você principalmente, e os outros forasteiros. --Sorrindo ao final.

--Como disse a senhora Cheska, forasteiros não são bem vistos. Principalmente você que é diferente dos outros bipedes. -- Completou Bast.

-- E a mim, que voei um pouco pela manhã logo cedo... -- Disse Lenneth fazendo surgir de suas costas um belíssimo par de asas brancas -- Não imaginei que seriam tão agressivos com o diferente...

-- Francamente não me importo com o que eles acham ou deixam de achar, estamos aqui por causa dele -- disse apontando para Rael -- então que se vire em explicar e fazer com que essa gentinha se mantenha fora do nosso caminho. Teremos trabalho a fazer e ser interrompida por estupidez de camponeses é a última coisa que nos falta para atrapalhar a tarefa... -- Abbadon concluiu como que falando sozinha, terminando sua refeição e limpando os restos do que consumira a mesa.

-- Acha mesmo que ele foi capaz de invocá-los? -- Disse a paladina -- Quando vocês mesmos disseram coisas que não faziam sentido com uma simples invocação? Que tal parar um pouco com a mania de perseguição e passar a pensar?

--O que porra mania de perseguição tem a ver com o que eu disse? Quem fez o ritual foi ele (Rael), mas em nenhum momento achei que ele tivesse poder suficiente para fazer isso sozinho. Algum ser mexeu com o ritual, assim como esta mexendo com esta merda de mundo em que fomos jogados. -- Abbadon massageou suas têmporas -- Eu só quero resolver o que quer que seja com a cidade, pegar minha recompensa e entender o que está acontecendo... Tem alguma ideia melhor, dondoquinha?

-- Dondoquinha? -- Disse ela, fúriosa, estalando os dedos -- Não sou eu que só reclamo de tudo e todos desde que cheguei. Olha, eu estou dando o meu melhor para não varrer a cidade com a sua cara. Então, comporte-se e deixe o senhor Rael ir lá fora falar com as pessoas. Assim pode resolver as coisas sem brigas, pode ser? Ou será que a garotinha vai continuar a espernear?

-- Espernear? desde que você chegou só faz encher meu saco e fazer draminha de menina mimada, e ainda ontem dizia que cresceu e se tornou mais madura, me poupe! Então pode continuar a fingir que é a durona e a rainha do universo, ou pode começar a agir como uma adulta e dar sua opinião do que fazer, já que não está satisfeita com o rumo que escolhemos... - Olhou para Lenneth com impaciência, cansada da pose de dona do  mundo da garotinha.

Aquela discussão já dera nos nervos do anjo, principalmente quando combinado com o barulho ensurdecedor da multidão.

Abbadon se levanta e vai até a porta, falando em alto som acima da multidão:

--Escutem aqui, estamos tentando resolver algo depois de termos sido chamados pelo seu prefeito, então não atrapalhem o nosso caminho e sairemos daqui mais rápido. Vocês não nos querem aqui e nãos não queremos estar aqui. Então vão para suas casas e larguem as armas.

Ação:

Teste:

A muito contragosto, e com um aceno de Rael, o povo se dispersou rapidamente, voltando todos para suas casas e aguardando que seu prefeito resolvesse aquele problema. Todos observaram e viram que até que a tática da Abaddon deu certo. Em seguida, a paladina foi para o jardim da casa de Rael e acenou com dois dedos, provocando.


-- Agora que eles se foram, quer testar, garotinha?! -- A paladina a encarava, desafiadora -- Se sente disposta hoje?

Abbadon suspirou exasperada, a garota lhe lembrava um filhote de cachorro que não te deixa em paz até que você de atenção a ele:

-- Certo pirralha, se isso vai fazer você parar de encher o meu saco, vamos -- Disse estralando as costas e pondo sua lança em mãos.