Os Esquecidos - Capítulo 2

Abbadon respirou fundo e encarou o lobo:

--Eu honestamente prefiro tratar com animais limpos que mortais sujos, mas por ser seu mestre, ele deve ter algo especial... Pois bem, "Rael", se importaria de me responder sobre o Anjo Cinzento? -- Abbadon sentiu que nenhum deles parecia ter intenções de se virar contra ela, mas caso atacasse, estaria em desvantagem.

Virou-se então para o homem que levou a alcunha de "Velho bêbado" em sua mente, ligeiramente surpresa por sua estatura elevada. Em um movimento rápido aponta sua lança na direção da garganta do guerreiro:

--Me chame de pequena novamente e corto sua língua-- Praguejou e baixou a arma -- Abbadon, quero saber se esse tal Rael conhece aquele anjo maldito que me jogou para as Brumas.

Oruk concentrou-se por um momento, aguardando as bençãos tomarem seus olhos. Por mais distante que ele se sentia do seu patrono, ainda havia o elo entre eles. O bom era ele sentir nenhuma maldade nos arredores.

Eles estavam seguros.

Durante a conversa, porém, som de galopes apressados podia ser ouvido do lado de fora por todos. Rapidamente este som foi substituído pelos assovios do vento invernal nas folhas e frestas existentes naquele templo no meio da floresta.

O som parou na entrada do templo decrépito e vozes ouvidas. A frente do local, que tinha o cemitério da cidade, um pequeno grupo começou a preparar o caminho tampando as pequenas poças de lama que tinham no caminho. Em seguida, um outro grupo começou a arrancar o pouco de mato da trilha que dava para a igreja. Por fim, uma elfa de pele morena saiu da carruagem.



-- Prefeito Livencoff... – Disse a elfa – Chegamos para receber os tributos. Também há necessidades no castelo da marquesa que precisam ser suprimidas. Vamos logo com isso que já está perto de anoitecer.

'Mas puta que pariu, será que dá pra acontecer um problema de cada vez?' Pensou o "Anjo Caído" massageando suas têmporas. Virou para Rael e em seguida o "Velho Alcoólatra":

--Continuaremos nossa "conversa" depois, temos companhia -- Disse com voz apática.

Ao ver quem era Rael vira-se junto com o Bast, e ambos a reverienciam. Seu rosto normalmente sério, está mais sisudo e seus olhos serram levemente.
-- Boa tarde Senhorita. Normalmente não vens neste horário, e os tributos estão na prefeitura com o tesoureito da cidade. - Ele olha ao reedor esperando que ninguém fale nada inoportuno.

--Como deve ter visto pela movimentação na estrada, viemos aqui para uma reunião de solstício de inverno e eu estou recebendo os forasteiros que chegaram. Mas já vou levá-los à cidade. Se quiser acompanharnos, podes aproveitar e pegar o que viestes buscar. - Olhando com um sorriso social para todos.

Oruk realmente ficou surpreso por ver a lança apontada em sua direção, "ora ora, temos uma esquentada por aqui, pelo menos ela não é uma má pessoa, apenas possui um temperamento quente, devo continuar a irrita-la? ou simplesmente tento uma convivência pacifica? hmmmm, PORQUE NÃO UM POUCO DOS DOIS?", e continuou devaneando ate ser interrompido pela voz dos novos convidados e de Rael, porem decidiu permanecer quieto, afinal ele era um convidado ali e não se intrometeria em assuntos que ele não possuía domínios. Para por fim, esperar um desfecho de conversa para perguntar ao Rael sobre as casas que ele havia citado anteriormente, afinal, nenhum deles eram dali e não possuíam lugar para repousar.

-- Forasteiros... -- Disse a elfa olhando com nojo o grupo -- Essa sua vontade de se envolver com esse tipo vai acabar lhe matando, tolo. Mas faça o que quiser, só não deixe a Margot saber que você está se relacionando com forasteiros. Sabe como Nemesis fica...

Abbadon ergueu uma sobrancelha para a elfa, achando curioso como um verme coo aquele conseguia sentir nojo de algo... Hm, quem sabe houvesse uma hierarquia entre os insetos. Relaxou ao se imaginar removendo as unhas da elfa numa sessão de tortura casual...

-- A sua senhora não saberá de nada, nem a Margot. A não ser que você conte. - Continua olhando fixamente para a elfa. --E nós sabemos que a morte nem é tão ruim asssim. Tem coisas piores... E as vezes mais interessantes para se fazer

-- Vamos todos? Pode ir na frente Cheska, chegaremos em breve. -- Rael gesticula convidando todos a uma estrada em frente ao templo.

Apos esperar a tal elfa ir embora, Oruk calmamente se aproxima de Rael e pergunta em um tom calmo e amigável

-E então? porque não aproveita essa caminhada para nos explicar um pouco sobre essas duas mulheres citadas, sobre essa tal profecia e o real motivo de ter nos trazido aqui?

Varric aguarda a elfa ir e solta em seguida - Mas que caralhos acontece aqui nesse lugar que as mulheres ficam com essa cara de foda mal dada? - diz o anão depois desse longo período de silêncio.
- Sr. Rael, preciso de umas boas explicações disso tudo que tá acontecendo aqui ou da cidade mesmo eu vou pegar meu rumo.

--Faço das palavras do homenzinho as minhas -- Disse olhando para Rael -- Quer que façamos uma lista do que nos deve explicação ou sua memória é melhor que sua capacidade de performar rituais? -- Falou com o rosto apático, embora seu sarcasmo fosse difícil de se ignorar.

-- Rael ri após o que foi dito pelo anão. -Vocês são muito apressados, tenham calma. Passarei todas as informações necessárias nos momentos oportunos. E senhor Varric, eu também teria essa cara, se em todas as minhas missões, falhar significa morrer. - O mesmo começa a caminhar apoando-se em seu cajado.

- Quem gosta de mistério é mágico de circo. Minhas missões precisam é de detalhes.

--Acho que não é o senhor que decide os momentos oportunos para nenhum de nós, meu caro -- Abbadon honestamente queria apenas a carona se essa gracinha de mistério continuasse... dali mesmo iria embora atrás de um trabalho.

-- Elas são as empregadas da Marquesa Elizabeth Michelle Cole III e vieram pegar os tributos para o Conde. Sou Rael Livencoff, Prefeito e sacerdote da cidade. Como de costume elas vem no final do mês e pegam os impostos, comparados a outros lords, os nossos até praticam baixos valores. -- Explica de forma simples o que acabara de acontecer.

-- E sobre fugir... É mais complicado do que parece. Não que eu vá fazer algo drástico para impedi-lo, mas as brumas da Baróvia são traiçoeiras. -- Complementa o pensamento andando de forma calma. Sendo acompanhado por Bast que está em silêncio.

- Não me interessa muito o fato dessas terras serem perigosas ou não. Todo esse mundo é amaldiçoado pelos Deuses, qualquer aventureiro com mais de um dia de trabalho sabe disso. E nem adianta vir com aquele papo de que aqui é pior. Todo prefeito usa a mesma ladainha, principalmente pra pedir desconto nos serviços. - Anões não são famosos pela paciência, Varric não tá afim mais de fingir. - O que importa de verdade aqui é o que você quer de nós. Você não nos invocou escondido da sua senhora apenas pra nos mostrar a linda arquitetura da sua cidade. Seja direto pelos Deuses. Parece um cachorro quando quer cagar, fica arrodiando, arrodiando, arrodiando...

-É sr. Rael, acredito que a paciência dos seus invocados está acabando kkkkkkkk ora pessoal, vamos andando, vamos, para ele ter o desespero de fazer uma invocação escondida de seus senhores, acredito que seja algo serio e no minimo muito perigoso, e para tal, uma boa "compensação" nos espera, por colocar nossas vidas em risco e coisas do tipo. Estou errado senhooorrr? - a esse ponto ate o Oruk estava começando a perder a paciência, sempre foi o tipo de homem que tentava apaziguar as coisas, mas toda a enrolação do homem que o invocara, o estava tirando do serio.

Rael escreveu:-- A sua senhora não saberá de nada, nem a Margot. A não ser que você conte. - Continua olhando fixamente para a elfa. --E nós sabemos que a morte nem é tão ruim asssim. Tem coisas piores... E as vezes mais interessantes para se fazer

-- Vamos todos? Pode ir na frente Cheska, chegaremos em breve. -- Rael gesticula convidando todos a uma estrada em frente ao templo.

Abbadon acometeu esse pequeno diálogo a memória, aquele homem usara as mesmas palavras do Anjo Cinzento... Teria de questiona-lo delicadamente depois...

--Eu pensei ter sido claro em todas as respostas que dei. Não? Vamos tentar novamente... -- Rael continua andando calmamente acompanhado pelo seu parceiro.

-- Sou Rael Livencoff, Prefeito e sacerdote de Vallaki. Vocês foram invocados devido a uma profecia que encontrei em um livro antigo na biblioteca do conde. As pessoas que nos encontraram a pouco servem a marquesa da região. E falaram que vieram de outras regiões o que é bem estranho... O portal aberto, em teoria, era o um caminho para outros planos. -- Indaga a si mesmo.

--Certo, vamos tentar mais uma vez, me conte, em que mundo estamos? Que ano é este? Depois disso podemos conversar sobre o Conde e o meu querido Anjo Cinzento...-- Disse Abbadon impaciente com o prefeito lerdo.

--Conde Strahd von Zarovich é o regente de toda a Baróvia, seu castelo fica próximo a Vila de Baróvia, uma cidade vizinha. -- Respondendo o questionamento de Abaddon.

-- Nos estamos em Ravenloft, e o mestre me disse que estamos em 413 desde a independência do nosso reino. --Colocou o Bast olhando para os aventureiros.

-- Antes que questionem, a folha que diz exatambente o que vocês deveriam portar foi arrancada. Pensei que seria algo visível... Mas descobriremos de alguma forma. -- Conclui Rael sem parar de andar. --Deveriamos andar mais rápido, não nos é fausto o escuro

-- Grande Oruk, não chamaria de tabú. Diria que vós sois... Raro. Os lords não veem os que servem a criaturas bondosas com bons olhos. -- Fala ele com um pesar na voz, após isso ele olha para trás e questiona:

--Vocês conseguiriam me acompanhar em uma corrida? -- Parece uma dúvida sincera.

- Olha como as coisas funcionam de forma bem melhor quando não se dá informações enigmáticas e/ou incompletas e/ou picotadas...

Expressão do Anão:

E continuou...
- Certo, acabei de descobrir que fui arrastado para outro plano, país, mundo, ou o que seja. E acabei de descobrir que possivelmente estou num buraco tão ruim ou pior do que eu já estava. Me permita recusar os meus fortíssimos estímulos para te agradecer... - Ele dá aquela respirada funda - Agora o senhor me solicita cordialmente que façamos uma corrida. Já viu o tamanho dessas perninhas? O que pretende fazer agora? Nos mandar de volta? Pois não trouxemos nada para você. Sua profecia tá certíssima.