Os Esquecidos - Capítulo 2

Ryoto até o presente momento estava mais adentro da casa abandonada, lutando contra um lobo remanescente. Saiu dos escombros procurando sua aliada enquanto se depara com ela defendendo um aventureiro recém falecido.

- Lenneth-sama, reconsidere. Não sabemos a cultura local. - Ryoto transborda uma voz firme e calma. - Ela pode permitir saquear os corpos dos companheiros.

Ele olha para o grandão que tentou curar os ferimentos de sua aliada e diz respeitosamente: - Apesar de ter quebrado as costelas do Lican, ela também sofreu alguns danos. Agradeço ao senhor por ter tentado curar as mãos da senhorita Lenneth e claro, ter nos ajudado a terminar com nossa caçada.

-A propósito, meu nome é Ryoto Yamamoto. É uma satisfação conhecê-los. - Ele faz a típica reverência oriental.

--Rael se entrepõe entre a damas. -- Calma. Não é necessário começar uma outra batalha por algo assim. Concordo com a senhorita... Qual o seu nome mesmo criança? --Inclina-se em direção a recém chegada. -- Não devemos profanar os corpos, pois eles podem vir reclamar o que lhes pertence. --Ri de forma sarcastica como se algo atravessasse sua mente.

Nesse quesito acredito que ele não se importaria com suas coisas mundanas, porem tenho certeza que apenas 1 certo item ele vai querer levar ao tumulo, as suas pistolas, la na caverna ele não parava de lustra-las, acredito que sejam importante para ele.

...

Prazer... Kioto?

--Até onde sei, tomar coisas caídas no chão ao lado de um morto não é roubo, eu não sei você mas não estou vendo ele reclamar... Além do mais, como seu amiguinho disse, você não conhece nem a cultura local, nem a minha cultura. De onde vim não temos esse tipo de comportamento melindroso com alguém que morreu e não usará mais seus pertences, não tomarei suas roupas  -- Disse o anjo com uma voz entediada, continuando a recolher os pertences, mas se mantendo atenta aos movimentos da garota, caso ela decidisse atacar mesmo assim.

-- Eu disse pra parar -- Disse a garota apertando com uma força o pulso de Abaddon, a impedindo de continuar. Ela viu nos olhos da garota o mesmo olhar daquela menina de antes dela ser tragada para as Brumas. O impeto de desafiante -- Não me parece ser surda! Só lhe faltam modos. E isso eu ensino, nem que seja a força!

- Senhorita Lenneth... Você vai terminar arrumando uma confusão que será difícil de sair. Use a razão. - O monge coloca gentilmente a mão no ombro de sua colega. Logo depois ele tira e se vira para os demais. - Não há nenhuma autoridade nesta cidade que possa intermediar e aplicar o rigor da lei? Acredito que seria suficiente.

-- Cheska. acho melhor você voltar para o casterlo da marquesa só no momento. Vou resolver as coisas com eles por aqui e lhe reporto quaisquer novidades. -- Coloca Rael em tom sério, olhando com reprovação as atitudes dos demais. -- Se forem brigar, façam isso de modo a não destruir nada na cidade. Caso contrario terei de interferir de forma não amistosa. E reforço, aqui existem coisas piores que a morte, e esta pode ser apenas o começo de uma longa jornada... -- Coloca com um sorriso enigmático no rosto.

-- No momento eu indico que não mexam no corpo. Vai anoitecer e em Vallaki a noite é perigosa e mística. Ninguém que fez o mesmo que ele descansa em paz nesta terra. -- Fala Bast como se temesse por algo.

Abbadon puxa o pulso de volta e fala em tom ríspido:

-- Modos faltam a você, menininha ridícula, não aprendeu a não se meter com estranhos e coisas que não são da sua conta? Aprecio sua audácia para uma mera mortal, mas não encoste em mim --Disse o anjo fazendo uma careta.

--- Mas, Ryoto, ela continua a profanar o corpo. Mesmo com a orientação daquele senhor. É inadmissível que alguém tenha esse tipo de atitude. -- Lenneth aproximou-se mais do corpo aguardando que a jovem pare.

- Senhorita Lenneth. Ela não está infringindo a lei local até onde sabemos, caso contrário aquele distinto senhor ali que parece relevante teria dito ou feito algo, eu acho. - O monge aponta com a cabeça para o rapaz com o lobo. - Se achamos a atitude da "imortal" aí civilizada ou não, são outros quinhentos. Deixe que ela se sirva do cadáver de seu aliado, o que sobrar nós faremos um enterro digno quando amanhecer, pois temos outras prioridades como lhe arrumar vestes mais dignas e conseguir um local para passarmos a noite.

Abbadon revira os olhos, por hora deixa de lado a ideia de tomas as coisas do falecido. O anjo relembrou a sua visão e decidiu verificar por via das dúvidas os ferimentos e se havia algum vestígio de ação divina.

Ação:

---O problema é o corpo?
Oruk ja irritado se dirige em direção a abbadon, pega o corpo do pequeno homem nos ombros e diz:

---Se o problema é profanar o corpo vamos prove-lo de um enterro digno, dessa forma oque não for para o caixão com ele será revisado e o corpo descansará em paz. Onde podemos vela-lo senhor Rael?

---Afinal, acima de tudo não quero que o mesmo seja deixado aqui com essas criaturas imundas, pois mesmo que tenha tirado sua vida por vontade própria, ele não merece continuar sofrendo do outro lado. Fora o aviso do lobo ali que a noite pode ser bastante perigosa. Oh grande Gwynharwyf, escute o apelo desse seu humilde servo e abençoe a passagem desse pequeno homem ao outro lado, por favor.

E com o pequeno homem agora sobre seus ombros, Oruk caminha em direção a Rael e Bast, esperando que os dois digam o caminho a seguir.

Ação:

Antes que o guerreiro toque no corpo, Abbadon poe a mão no peito de Oruk:
-- Ainda não, pode pegar ele assim que eu acabar, quero examinar algo primeiro. -- A voz do anjo não deixa abertura para questionamentos.

-- Vamos lá. Não há nada que impeça que se averigue cadaveres em nossas leis. Porém não é de bom tom fazer isso em praça pública. -- Rael se coloca, repreendendo Abaddon. -- Segundo, se pretende carregar o corpo de alguém, faça-o direito. Ele não é um saco de batatas para se colocar nos ombos. -- Fala Rael apontando para Oruk.

-- Pela hora não é aconselhavel que entremos no cemitério, o sol já vai partir. O escuro é perigoso. -- Fala Bast novamente com medo.

-- Vamos leva-lo da forma correta para dentro da prefeitura. Ficaremos velando o corpo e o enterraremos de forma digna assim que o sol aparecer novamente. -- Falou Rael apontando para o caminho que Oruk deve seguir com o corpo do Varric. -- E sobre o saque aos pertences dele, podemos debater mais tarde. São todos meus convidados a passar a noite aqui. -- Encerra Rael que começa a caminhar em direção ao prédio pouco pomposo da prefeitura.

Oruk começou a carregar direito o corpo do Varric e o grupo o seguiu até a prefeitura. Cheska, com um sorriso interessado no rosto, partiu para as terras da marquesa. As pessoas do vilarejo ainda olhavam pelas janelas desgostosas, mas não falavam nada.

Abaddon falou algumas palavras no antigo dialeto do seu tempo celestial e seus olhos responderam ao seu chamado, mostrando o que estava oculto. Se antes pensara que a regeneração da garota era oriunda de magia, agora viu que se tratava de algo além, talvez como ela. Talvez até mais.


Ao lado do prédio da prefeitura havia um palacete, composto por dois pisos para onde o Rael dirigiu-se. Olhando o prédio de frente, ele se confundia com a paisagem arborizada do fundo, quase como se fossem a mesma coisa. Estranhamente nada do prédio parece ser de metal ou de material não natural, o que poderia gerar questionamentos sobre o nível de segurança da mesma. No ar havia um cheiro suave de ervas frescas, como se a todo momento alguém lhe servisse um chá.

-- Preciso de um lugar para tomar um banho e roupas novas, senhor Rael -- Pediu gentilmente a garota.

-- Sejam bem vindos a minha residência. Providenciarei instalações confortáveis para todos. E sim, haverá banho. -- Rael pronuncia algumas palavras e empurra a porta com o cajado. Entrando na frente. Mostrando uma sala principal para que todos sentem-se, e levando Oruk para um outro cômodo, para que lá deixasse o corpo de Varric.

Abbadon observa os aposentos, observando tudo ao seu redor, paredes, decoração... nada impressionante, mas era melhor que nada. Abbadon retira sua capa e prende seus longos cabelos em um rabo de cavalo. O anjo se sentou no chão próxima as suas coisas e encostou a cabeça na parede, com aparência cansada e fala:

-- Uma pergunta rápida: como porra vocês se meteram com uma matilha de lobisomens?

- Menos complexo do que parece. - Começou Ryoto. - Chegamos na cidade pela entrada sul, percebemos um vazio incomum. Então nós avistamos a matilha entrando nesta casa, talvez para aguardar a noite pra atacar. O resto é autoexplicativo.

Neste momento Ryoto está contemplando a residência do tal prefeito. Apesar do visual bem rústico, é igualmente bem confortável. Depois que todos se organizarem, ele pede ao prefeito para conversarem.

Oruk segue o homem tranquilamente, segurando agora o anão apoiado em um de seus braços, como quem carrega um bebê ou um pequeno saco de farinha. Enquanto segue o homem, Oruk começa a conversar e ate desabafar um pouco com o rapaz:


-É realmente incrível esse lugar, senhor Rael, de onde eu venho não existe nada parecido. Quer dizer... em questão de fome e miséria não são muito diferentes,a terra é coberta por gelo e neve por pelo menos 10 meses ao ano, nos dois outros meses em que ela derrete ate é possível o plantio, mas a terra fica tão encharcada devido a neve derretida que quase nada se dá por la, tudo oque conseguimos é proveniente de negócios ou MUITO esforço de algum fazendeiro ou nobre... os olhares deles são realmente idênticos ao do povo daqui, vazio e sem esperança alguma. Por isso eu decidi seguir a vida eu levo, o povo já sofre muito na mão da natureza e dos seus lordes, eu tento fornecer um pouco da sensação de paz a eles com meus serviços.

Ele então coloca o corpo no local indicado pelo prefeito. Arrumando-o de forma a ficar deitado de barriga pra cima e com suas mãos sobre seu peito, como se ja estivesse em um caixão.

-Eu realmente não busco nenhuma gloria nem nada do tipo entende? se não fosse pelo tal ritual que o senhor executou, so os Deuses saberiam onde eu estaria agora, se eu permanecesse vivo é claro. No final das contas tenho uma divida com você,alem do mais sobre a tal recompensa dos lobisomens? não precisa me dar, não faço esse trabalho por tal troco.

Oruk finalmente termina de arrumar o pequeno homem e começa a caminhar em direção a sala onde os outros se encontram, para so então parar na porta e falar:

-AH sim, eu quase ia me esquecendo, aqui é bem mais quente que minha terra. Com certeza é mais quente.

E dirige-se para a outra sala.

Oruk anda por alguns cômodos ate chegar na sala onde todos estão reunidos, devido a sua altura (2.38m), é um pouco complicado andar pelo local sem esbarrar em nada, ou ate mesmo bater sua cabeça. Ele abre a porta e se inclina um pouco para conseguir entrar.

-Coloquei o corpo onde o s. prefeito me indicou.-- Ele puxa uma cadeira, coloca seu machado no chão, ja sua "mochila" e seu arco, repousam em cima da mesa. Então o brutamontes tira seu capacete e relaxa na cadeira. -Hoje foi um longo dia, acredito que o destino, talvez, nos tenha colocado aqui juntos. Então digam-me meus companheiros, por que não falam mais sobre um pouco de si mesmos, de ondem vem? Oque faziam antes de parar aqui? Coisas do tipo sabem? É bom conhecer aqueles que estão ao seu lado

Abbadon observou as outras pessoas na sala, também estava interessada em quem realmente eram aquelas pessoas. Esperou em silêncio os outros se manifestarem.

-- Bem, obrigado por tê-lo carregado ele de forma adequada senhor Oruk. Então novamente me apresentando, agora que temos a senhorita... Lenneth, correto? --Falou Rael olhando para a jovem com um sorriso no rosto. -- Sou Rael Livencoff, prefeito e líder espiritual desta cidade.

-- Eu sou Bast, o parceiro e companheiro totêmico do Rael. -- Fala Bast em tom formal e logo após faz uma reverência.

-- E obrigado pelas observações sobre minha casa. Mas esta cidade não é segura a noite, pois criaturas sombrias habitam no escuro. -- Coloca Rael enquanto um bule magicamente serve chá de amora em xícaras que flutuam até os convidados.

-- Eu sou Lenneth Veronica Margareth Liana Carolina Valderish Donovan. Duquesa de Norm e Cavaleiro da Luz e filha do próprio Deus da Justiça e da Deusa da Humanidade. – Disse a garota tranquilamente – Tinha acabado de fugir de uma festa e, quando notei, estava no meio de uma floresta, nesse lugar macabro. Faz dez dias que ando a esmo, quando encontrei o senhor Ryoto, o primeiro rosto amigo em semanas.

-- Espera! Você disse Donovan? Por acaso você é parente do Cavaleiro da Rosa de Sangue Donovan? E duquesa de onde? Filha de quem? -- Falou Rael como se ouvisse várias loucuras consecutivas.

-- Ryoto Yamamoto. Filho do Mestre nas artes marciais, Kyoto Yamamoto. Membro sênior dos aventureiros de Arton e segundo chefe da guarda de Lady Donavan. Eu estava em processo de investigação acerca de um sacerdote do Deus louco Nimb e quando eu o achei ele conduzia um ritual de invocação que usava como catalisadores, objetos pertencentes a senhorita Lenneth. Segundo ele, por conta de sua forte energia sagrada.

Ele parece bem incomodado ao chegar nessa parte da história, a voz dele carregava uma certa culpa, talvez por não conseguir impedir o ocorrido.

-Algo saiu completamente errado, talvez a fúria do Deus louco ou a incompetência do sacerdote... Eu e o maldito fomos arrastados e acredito que a senhorita deve ter vindo junto como efeito colateral M'Lady. Pelo pouco que pude investigar antes de encontrar a senhora, não estamos mais em Arton, mas ninguém quis conversar muito sobre nada por aqui.